sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Mais uma semana calma no mundo da comunicação em Saúde

Esta semana um dos temas quentes nos EUA foi o facto de tanto a Merck & Co. como Schering-Plough Corp. terem alegadamente (essa palavra tão protectora do ponto de vista jornalístico) escondido durante mais de um ano informações sobre os resultados pouco satisfatórios referentes a ensaios clínicos com Vytorin (medicamento para a aterosclerose). Tentação de quem investe 250 milhões de euros num produto e no final descobre que o sucesso do mesmo poderá não ser tão grande como pensado.

A explosão comunicacional sobre este tema deriva também do facto do New York Times ter publicado recentemente um exaustivo artigo sobre a fibromialgia (Síndrome da Fadiga Crónica) no qual muitos médicos referem não acreditar sequer que tal seja uma doença mas uma boa invenção de uma máquina de marketing bem oleada, auxiliada por uma forte estratégica de RP. Se num passado recente alguns profissionais em comunicação eram acusados de “inventar notícias”, agora passaram a “inventar doenças”, com sintomas físicos e tudo. Vai um Press Release para curar aquelas pontadas nas costas que nos desgraçam alguns finais de semana?

Por cá a fava esta semana lá nos saiu a nós. Admito que um processo de gestão de crise comunicacional é cansativo e extenuante mas, ao mesmo tempo, extremamente estimulante. Avaliação dos cenários, elaboração de Q&A, decisões a minuto, telemóveis que não param, notícias cujos títulos não reflectem o verdadeiro conteúdo das notícias. Enfim, um autêntico rodopio mediático que, mais uma vez, vem confirmar uma necessidade óbvia: a criação do cargo de Editor de Saúde em meios de referência nacional tem de ser encarada como uma prioridade e não um capricho. De preferência alguém com uma formação académica na área da medicina/ciência e jornalismo.

4 comentários:

Unknown disse...

Parece-me que os critérios de selecção que propões para um editor de saúde são demasiado ambiciosos. Ter formação académica em saúde e ao mesmo tempo em jornalismo é utópico.

Será por isso que ainda não existe o cargo?

J. Azevedo disse...

Não vejo porque não. Temos economistas, advogados e até engenheiros à frente de vários órgãos de comunicação social.

Para além disso, temos Mestrados em Comunicação e Jornalismo que podem completar uma formação anterior em ciência e medicina. Pode ser complicado mas utópico penso que não. Inclusivé, nos meios especilalizados nacionais (Notícias Médicas,Tempo Medicina, etc.), muitos dos colaboradores/jornalistas têm formação académica ligada à área da Saúde.

Anónimo disse...

Será sempre complicado. E não é só na saúde que falta essa especialização. Pela dimensão do nosso mercado tenho dúvidas que venha a existir no médio prazo.

J. Azevedo disse...

Citando o meu Professor the Marketing Empresarial (um grande bem-haja para ele) "there are man who see things as they are and say why...Let´s see things that never were and say why not?"