sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Publicidade na Indústria Farmacêutica - Os espartilhos

“O código não deixa”…”não podemos dizer isso dessa forma”…”o departamento medico vai chumbar isso”…”se isso passa dos 25€ já sabe que não se pode fazer”…”mas o que tem isso a ver com a prática clínica”…

Quem está na área da publicidade ou gestão de marcas na indústria farmacêutica, em especial nos éticos, reconhecerá as linhas anteriores. Todos os dias somos confrontados (publicitários, gestores de produto, comunicadores) com impedimentos, imposições, restrições e outros “apertões” que espartilham ideias, propostas e acções que, por muito impacto e retorno que pudessem ter, nem vêem a luz do dia.

Mas tudo isto é relativo quando penso no que, para mim, é o verdadeiro drama: “O marasmo dos suportes”. Parece que ninguém inova, ou tem medo de dar o passo, ou está espartilhado em convenções que já não deviam existir. E lá estamos a fazer mais do mesmo: a literaturazinha ou o folderzinho, o brindezinho (o qual se poderá subdividir nas míticas categorias canetinha, bloquinho, protectorzinho de bolsinho, caixinha para cartõezinhos, entro outras categorias tão ou mais edificantes), o mailingzinho, o anúnciozinho nos sítios do costume, o passou-benzinho e o sorrizinho do DIM.

Espartilhos, digo eu. Apertam, não deixam respirar, e, apesar de poderem dar uma cintura escultural, escondem o que está por baixo.

Mas como promover a libertação dos espartilhos?

Nada mais difícil. Os nós estão demasiado apertados. Mas talvez os possamos aliviar, reduzir a pressão dos mesmos no corpo, respirar um pouco melhor e, um dia mais tarde, agarrar numa faca e cortar os cordões de vez.

As literaturas não vão deixar de existir, mas talvez deverão voltar à sua forma original: dar informações científicas relevantes sobre o produto. Só! Os brindes não vão deixar de existir, mas talvez deverão ser adequados a cada interlocutor de acordo com seus gostos e necessidades pessoais. Os anúncios vão continuar, mas deverão tomar a forma de categoria e não de produto para poder chegar a mais meios e a mais interlocutores.

Passemos a comunicar mais alertas de doença e menos produto, mais área e menos bisnaga e comprimido, mais soluções de saúde e menos comparação de preço, mais rastreio e menos visita, mais laboratório e menos marca. Mais Delegado com espírito cientifico, mais Empresa com espírito de dever social e solidariedade e mais meios alternativos de comunicação.

Apoiemos um “abaixo o espartilho”. O futuro da comunicação não se compadece com apertos.


João Damas
Director de serviço a clientes
www.addmore.pt

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde.

Não sei se o Sr.João Damas trabalhou alguma vez num laboratório, e se tal aconteceu, desempenhou funções de DIM,Gestor de Produto,Supervisor de Vendas,ou outra.
Porque parece...

Parece que desconhece o nível de competência de muitos dos decisores que estão em muitas das empresas a operarem em Portugal.

Parece que não sabe que tipo e conteúdo têm a formação dada pelos departamentos de treino,e pelas empresas que alugam mão-de-obra barata para os laboratórios.

Parece desconhecer a teia de interesses que tantas vezes envolve gestores de produto(e não só) com as gráficas e empresas de brindes,para não irmos mais longe.

Onde posso concordar consigo,é quando manifesta o desejo de repor principios e valores no relacionamento das empresas da Indústria Farmacêutica, com os seus clientes,que práticamente desapareceram nos últimos dez anos.

É como diz-"dificil"-,mas não é impossivel.Pode começar por exemplo pelos fornecedores da indústria,em quererem de facto mudar, e não em continuarem acomodados e cinzentos como no tempo em que o mercado crescia dois digitos,as vendas eram muitas e grandes e até os incompetentes,eram brilhantes.

Agora que quando o mercado cresce 4% ao ano,já é muito bom,mas as vendas continuam mal,até a côr da gravata incomoda.

Como disse no inicio,desconheço qual o seu conhecimento do sector,mas sei qual é o meu.

Muitos anos numa das maiores empresas do mundo,e hoje lutando todos os dias contra essa mentalidade cinzente como responsável numa empresa de consultoria de marketing e comunicação.

Atentamente,
Alexandre Duro