quinta-feira, 4 de outubro de 2007

“Break on through to the other side…”

A mudança profissional de uma agência de comunicação para lado do cliente.

A primeiro “choque” da mudança é cultural. De uma micro ou pequena estrutura passamos para um sistema complexo, com uma cultura própria, mecanismos de decisão hierarquizados, networking internacional e muitas pessoas, caras e nomes. Todas elas me explicam o que fazem - Logística, Marketing, Controlling, Assuntos Regulamentares, Market Research (…) – e tento colocar a Comunicação em perspectiva e perceber de que forma poderei interagir com cada um destes departamentos e trazer uma mais-valia ao negócio.

A Agência foi, como costumo dizer, uma oportunidade de aprendizagem intensiva em ambiente real, com uma grande diversidade de projectos, clientes mais ou menos difíceis, sucessos e insucessos, desafios constantes e uma noção refinadíssima de gestão de tempo e stress.

Muitas das variáveis referidas mantêm-se do “outro lado”. Para além dos projectos de comunicação institucional, o Departamento de Comunicação presta continuamente serviços de consultoria aos colegas do marketing, que vêm, cada vez mais, nas ferramentas de RP uma forma de criar diferenciação num mercado muito competitivo, com um quadro regulamentar especifico, como é o caso da área da Saúde. Por outro lado, os ritmos adaptam-se aos “ciclos” do negócio, com os habituais picos de acções e o desafio é permanente, naturalmente com uma noção mais apurada de cultura da empresa.

Contas feitas, há naturalmente áreas das quais me afastei mais: exemplo disso é aquele contacto diário e permanente com os jornalistas que quem trabalha na Agência tão bem conhece. Também o quotidiano de desmultiplicação em reuniões de trabalho com clientes e a gestão simultânea de vários projectos de comunicação são próprios da dinâmica de Agência e provocam aquele “friozinho no estômago” sem o qual muitos profissionais de comunicação não se sentem realizados.

Em contrapartida, o Departamento de Comunicação permitiu-me desenvolver de forma mais aprofundada algumas áreas fulcrais das RP, como é o caso da comunicação interna. Para além disso, tem-me dado a oportunidade de fomentar uma vertente de pensamento estratégico e criativo que, já existindo na Agência, é agora exercido com uma nova abrangência e um olhar privilegiado sobre a empresa como um todo. Por último, destacava a dinâmica do trabalho em rede com as equipas de comunicação internacionais, com troca de informações, experiências e best practices.

Continuo a pensar que, sempre que possível, o profissional deve tentar crescer passando por estes dois contextos. São contextos distintos, complementares, enriquecedores e, em última análise, constituem uma oportunidade para nos colocarmos face a novos desafios e nos conhecermos melhor pessoal e profissionalmente.

Fernando Rente
Communication Officer
Roche Farmacêutica

1 comentário:

Anónimo disse...

o texto esconde o essencial: a razão da mudança de um lado para o outro.