sexta-feira, 19 de outubro de 2007

A paixão de comunicar

A convite do meu amigo Jorge cá estou eu a estrear-me nestas “andanças bloguistas”. Antes demais devo dizer que tive o prazer de conhecer o Jorge na Agência de Comunicação onde estagiei *, e trabalhei durante alguns meses, após terminar o curso de Ciências da Comunicação. Esclarecer ainda que foi a minha veia comunicativa que me levou a frequentar esta licenciatura, em detrimento de uma outra qualquer da área das ciências humanas. Acima de tudo porque gosto muito de conversar, de escrever, de me relacionar com o mundo e com os outros, e de fazer muitas coisas diferentes, mas quase todas no domínio das artes.

Posso assim dizer que a minha vinda de uma Agência de Comunicação para uma Biblioteca Municipal (onde trabalho há quase 10 anos) permitiu-me alargar o âmbito das minhas acções, mas não mudou o essencial da questão: a necessidade de comunicar e de nos comunicarmos! Aqui lido com instituições, escolas, professores e alunos, escritores e contadores de histórias, autarcas e munícipes. As solicitações são muitas e diferenciadas (até porque os utentes também o são, em género, idade e interesses…) desde aqueles a quem ajudamos numa pesquisa, passando por aqueles a quem contamos e com quem exploramos uma história, sem esquecer os que nos pedem uma sugestão de leitura. Sendo missão das Bibliotecas informar, promover a leitura e a auto-formação, facilitar o acesso às diferentes formas de expressão cultural e fomentar o diálogo inter-cultural entre outras missões, igualmente importantes, não me parece possível cumpri-las sem recorrer a estratégias de comunicação mais ou menos elaboradas, que podem passar pela simples conversa face-a-face (às vezes a mais eficaz forma de comunicação), por um ofício que enviamos, por um telefonema que fazemos, por um flyer ou cartaz que produzimos, por um press-release que divulgamos, por uma notícia ou fotografia que colocamos no nosso site. Nos primeiros anos em que aqui trabalhei, sentindo essa necessidade imperativa de comunicar o que íamos fazendo, a Biblioteca chegou a ter a sua publicação periódica - o “Biblioactividades”. E porque o que fazemos também é comunicação, ela passa pelas horas do conto, visitas guiadas, sessões de poesia, exposições bibliográficas e alguns placards informativos e pedagógicos que produzimos sobre determinada efeméride ou personagem.

Quando o Jorge me convidou para escrever este texto, a minha primeira ideia foi “mas eu já não trabalho em comunicação”…para logo depois sentir que, afinal, a verdade é que não trabalho noutra coisa! Porque toda a nossa actividade é uma permanente comunicação do que somos e do que achamos importante transmitir aos outros, seja numa Biblioteca, numa redacção de um jornal, numa empresa ou numa agência de comunicação. E quanto mais amamos o que fazemos, melhor comunicamos o objecto do nosso amor.

Ângela Malheiros
Coordenadora da Biblioteca Municipal de Peniche


PS - *Um beijo especial para o Fernando e para o João, que conheci na mesma agência, e que decerto serão leitores deste blogue ;)

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