A Saúde constitui-se hoje como uma das áreas da sociedade que mais atenção recebe por parte dos diversos órgãos de comunicação social, nacionais e internacionais. Por ter um impacto directo e preponderante na vida de todos nós, eternos utentes, os temas ligados à Saúde são muitas vezes colocados na capa de revistas, chamadas de primeira página e em alguns casos específicos, aberturas de jornais televisivos. Actualmente, e por força da revolução dos instrumentos de pesquisa como é o caso da internet, não é complicado encontrar definições objectivas de patologias, graus de incidência, dados sobre factores de risco, entre outros pontos de destaque.
A Comunicação em Saúde Pública, entendida de forma genérica como o estudo e utilização de estratégias comunicacionais para informar e influenciar as decisões dos indivíduos e das comunidades no sentido de promoverem a sua Saúde, encerra em si um conjunto de mensagens diversas destinadas a:
- Promover e educar as populações para um determinado tema
- Evitar riscos e ajudar a lidar com ameaças
- Prevenir patologias
- Sugerir e recomendar mudanças de comportamento
- Recomendar rastreios e exames médicos com frequência
- Informar sobre novos medicamentos
- Dar voz a várias entidades, como é o caso das associações de doentes, que exercem a sua actividade nesta área
- Alertar para o perigo de excessos (ex.: campanha contro o uso indiscriminado de antobióticos recentemente lançada em Portugal)
- Recomendar medidas preventivas e actividades de auto-cuidados em indivíduos doentes.
No entanto, para que os temas tenham eco suficente e produzam reais mudanças de comportamentos, a esfera de implementação comunicacional deverá contar com intervenientes como:
- Profissionais de Saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos)
- Sociedades e Fundações Médicas
- Associações de doentes
- Entidades governamentais
- Órgãos de comunicação social, generalistas e especializados
- Agências de comunicação (um novo parceiro por força da profissionalização da área)
- Indústria farmacêutica São estes que assumem actualmente a função de difusores de mensagens, quer no papel de fontes primordiais de dados e informações de relevo, quer como responsáveis pela massificação dos temas, como é o caso dos meios de comunicação.
Paradoxalmente, e neste último caso, ao contrário do que acontece com a maioria dos países europeus, em Portugal o tema Saúde ainda não encontrou uma Editoria própria nos meios de comunicação social, como o Desporto, a Política e a Justiça, estando na maioria dos casos ligada à Secção de Sociedade, Nacional ou Ciência. É possivel encontrar secções de Saúde em revistas femininas e semanários nacionais, mas ainda são poucos os jornalistas especializados na área, com conhecimentos aprofundados das peculiariedades do sector (ex.: quantos saberão do número de fases clínicas que precedem a comercialização de um medicamento? Na verdade são três).
Todos estes intervenientes procuram utilizar o circuito comunicacional para fazer valer os seus objectivos de actividade. E se em muitos casos assiste-se a um cruzamento de interesses, noutros as vontades divergem e o ruido comunicacional tende a confundir e não esclarecer. Uma associação de doentes que promova uma conferência de imprensa com o intuito de conseguir uma comparticipação alargada dos medicamentos para os seus associados, irá chocar com os interesses do Ministério da Saúde, que procura a redução das respectivas despesas.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
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3 comentários:
Jorge,
Um facto que confirma a tua percepção chegou-me de forma bastante expressiva. Num artigo na Revista PRofile do Chartered Institute of Public Relations (a associação dos profissionais de RP no Reino Unido) sobre a Comunicação em saúde refere que actualmente se assiste a uma falta tremenda de profissionais para trabalhar nesta área.
O artigo refere também que os desafios das agências para reter colaboradores levam ao aparecimento de formas de remuneração imaginativas e a uma melhor compatibilização entre trabalho e vida pessoal. Uma tendência!
João,
Mais uma vez agradeço a tua participação e confirmo que não é fácil encontrar colaboradores para uma área tão complexa como a da Saúde. Por aqui promovemos eventos de formação, oferecemos o dia de aniversário, prémios de productividade, etc. Mas um ambiente com boa-disposição (é verdade, uma boa gargalhada não é sinónimo de pouco trabalho) continua a ser o melhor remédio (ligação à área...) para ultrapassar alguns dias desgastantes.
Concordo. E é extensivel a outras áreas. Bons há poucos. Quanto a programas de formação, bom ambiente, fringe benefits, bom salário, etc. ajuda de certeza a reter talentos. Já a questão do dia de aniversário tenho muitas dúvidas. Acho que não fidelizará ninguém, se bem que se possa ter em conta enquadrado num conjunto de benefícios.
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