sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A comunicação e a Indústria Farmacêutica

Como não tive possibilidade de colocar novo post apresentanto o meu convidado desta semana, aqui está ele, puro e duro. O seu autor, João Marta, é um homem que tem mais de 25 anos dedicados à Indústria Farmacêutica, tendo passado pelo Marketing antes de se dedicar à área da Comunicação. Aqui fica o seu testemunho, para ler e reflectir.


Na semana passada atendi uma chamada telefónica de um amigo a convidar-me para pertencer à maior comunidade virtual “blogosfera”.
Aceitei o desafio e vou iniciar-me como participante esperando contribuir para um debate sério nesta área.

A ligação à Indústria Farmacêutica aconteceu há alguns anos e os mistérios que estavam e estão associados à proibição de comunicar as vantagens das terapêuticas aos consumidores nunca foram bem compreendidos. Sempre lutei e lutarei para que a informação seja uma mais valia para todos os públicos, embora com mensagens distintas.

A necessidade de obter bons resultados na zona onde trabalhava estavam associados à mensagem, à forma como era transmitida aos interlocutores e como depois chegava aos doentes.
A minha questão foi sempre de âmbito geral: como é que um médico que visitado por 3 ou mais DIM por dia pode avaliar as vantagens reais de cada terapêutica?

Este tema reflecte o nosso desafio (objectivo) porque queremos e devemos comunicar com os consumidores e todos os dias somos confrontados, neste sector, com regras punitivas. Lutamos por uma sociedade culta que entenda qual é a génese de um princípio activo, que a investigação leva cerca de 15 anos a desenvolver. Chega ao mercado depois de superar todas as barreiras de eficácia qualidade e de segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Como pode um marketeer responsável pelo produto ambicionar obter bons resultados quando lança um produto, que implica um reconhecimento da comunidade científica e uma boa adesão á terapêutica do doente, quando esse consumidor final a família e os amigos não conhecem as vantagens desse medicamento que o médico o aconselhou (obrigou) a usar durante um período de tempo?

O médico deve explicar ao seu doente os benefícios que vai obter no final desse tratamento e motivar para que cumpra escrupulosamente a posologia.
Mas será que o doente entendeu a mensagem? Se a mensagem não é transmitida com clareza os objectivos não serão atingidos. Conclusão o medicamento não é eficaz. A imagem da Indústria Farmacêutica fica diminuída. Vivemos diariamente este problema da falta de informação sobre os medicamentos, excepção feita ao apelo ao consumo dos genéricos porque são mais baratos

São os Jornalistas que escrevem sobre os efeitos secundários dos fármacos, são os consumidores que telefonam para as empresas que fabricam os produtos, mas aos farmacêuticos e aos médicos para esclarecer dúvidas.

As autoridades consideram toda e qualquer informação como publicidade incitando ao consumo por isso vivemos todos atormentados pelas coimas. Será que pensaram em disponibilizar um canal de informação 24 horas por dia para ajudar os consumidores a esclarecer dúvidas?

A comunicação desempenha um papel crucial porque educa informando os públicos das vantagens das terapêuticas, dos benefícios para a saúde e da melhoria da qualidade de vida, prevenindo gastos supérfluos de medicamentos.

Vamos continuar a nossa luta pela informação para todos, contribuindo para uma maior consciencialização do público sobre as vantagens que os medicamentos oferecem para a melhoria da qualidade de vida, contribuindo para o uso racional dos mesmos, prevenindo o desperdício.


João Marta, Consultor de Comunicação em Saúde

1 comentário:

Anónimo disse...

No seu texto coloca várias questões,mas parece que no fim a culpa é dos DIM que visitam os médicos.

É dos médicos que não conseguem /verificam o entendimento da sua mensagem junto dos doentes.

É muito da lei porque proibe,e restringe muita comunicação junto dos clientes finais (os doentes).

E não será porque falta criatividade e qualidade à mensagem?

Porque os departamentos de marketing têm dificuldade em reconhecer erros,e passam a responsabilidade para as forças de vendas,acusando-as de estarem a trabalhar mal.

Porque as forças de vendas acham que o marketing é o culpado por definir estratégias erradas, e fornecer materiais promocionais com pouca utilidade e eficácia.

Porque as forças de vendas são mão-de-obra barata,com pouca experiência e deficientemente formada,obrigada a fazer muitas visitas,pois quantidade ainda é para muitos responsáveis sinónimo de qualidade, e de mais vendas.

Ou será porque a concorrência aumentou,os genéricos chegaram para ficar,o mercado já não cresce dois digitos ao ano,e agora ao contrário do que aconteceu durante muitos anos, os actores intervenientes neste sector,têm que ser melhores,mais rigorosos,mais competentes,mais assertivos,mais criativos,e experimentarem(para os que nunca tiveram)terem principios e valores, e assumirem as suas responsabilidades e serem consequentes.

Como vê são muitas as variaveis que podem afectar a comunicação nesta indústria.
Acredite que não está sózinho na luta que refere, e espero que tenha êxito.

Mas-repito-não é a lei em vigor a principal culpada do actual estado de coisas na Indústria Farmacêutica, e como sabe,quando as vendas correm mal,até a côr da gravata incomoda.

Atentamente,
Alexandre Duro